Aterosclerose e Estenose da Artéria Carótida

A aterosclerose é uma doença que afeta as grandes artérias elásticas (aorta e ilíacas) e as musculares de médio calibre (coronárias e carótidas). Caracteriza-se pelo acúmulo de lipídios (gorduras) na parede destas artérias levando progressivamente à obstrução dos vasos. A aterosclerose manifesta-se de várias maneiras, como placas de ateromas levando à estenoses (obstruções), ulcerações com trombos, êmbolos distais, dilatações e aneurismas fusiformes. A aterosclerose é responsável por 90% dos eventos tromboembólicos e a doença obstrutiva da artéria carótida é a localização principal de onde partem estes êmbolos. A estenose aterosclerótica da artéria carótida é definida como o depósito de gordura, principalmente do LDL-colesterol na parede da artéria carótida interna no bulbo carotídeo levando a um estreitamento da luz da artéria. A estenose pode ser graduada de acordo com a luz do vaso residual em:

  • Leve: <50%
  • Moderada: 50-60%
  • Grave ou Crítica: >70%

Os vasos intracranianos também são importantes localizações de estenoses por aterosclerose, as estenoses intracranianas localizam-se mais comumente no segmento cavernoso da artéria carótida interna (sifão carotídeo) e as bifurcações vasculares.

SINTOMAS

Quando uma estenose da artéria carótida interna torna-se crítica, o quadro clínico mais comum é o Ataque Isquêmico Transitório (AIT), entidade no qual episódios de déficit motor (paralisia de membros) se alternam com períodos de assintomáticos. Como exemplo podemos citar a perda de força nas mãos quando objetos caem destas. A amaurose fugaz é a perda momentânea do campo visual (perda da visão) do mesmo lado da estenose da carótida, o borramento visual também pode ser relacionado à estenose da carótida interna. Outros sintomas relacionados à estenose da artéria carótida é a síncope (desmaio) e até mesmo um AVC isquêmico (derrame) quando um trombo é desprendido de uma placa ulcerada (que se rompeu) da carótida e migra até ocluir uma artéria intracraniana (no cérebro) levando à uma paralisia definitiva de membros do lado oposto á estenose da artéria carótida.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico pode ser feito levando em consideração aos sintomas e ao quadro clínico apresentado pelo paciente. Os métodos de imagem são os métodos de escolha para a procura de uma estenose de carótida. Podemos citar como métodos de imagem não-invasivos a ultrassonografia cervical (ecodoppler de carótidas), a angio-tomografia e a angioressonância cervical e do crânio. Estes exames de neuroimagem não invasivos desempenham um papel na triagem dos pacientes com suspeita de estenose da artéria carótida interna, mas uma vez estes métodos mostrarem um resultado positivo, este deve ser confirmado com uma angiografia cervical e do crânio, porque a arteriografia das carótidas é ainda o padrão-ouro para o diagnóstico de doença obstrutiva nestas artérias, sendo a arteriografia por cateterismo a referência e a meta a atingir para os demais métodos não-invasivos. A arteriografia por cateterismo das artérias carótidas deve ser complementada pelo exame das artérias do arco aórtico e do vasos intracranianos pelo fato de não ser incomum a existência de estenose crítica nestes vasos juntamente à uma estenose crítica no bulbo carotídeo.